quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Contos de Vampiros, de Ana Paula Tavares, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, João Tordo, Jorge Reis-Sá, José Eduardo Agualusa, Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, Susana Caldeira Cabaço;



"«É essa a substância, a natureza do vampiro: fazer temer a invasão do outro no meu espaço corporal, no primeiro e mais claro reduto da minha identidade. E assim perder a própria existência, metamorfoseando-me no outro. Atenção, caros leitores: porque ao ler este livro é isso que está em jogo - perder a própria identidade!»
Pedro Sena-Lino (in Nota Introdutória)

Por favor não me leia o pescoço.
Lembra-se do filme? Agora tem um livro: nove terríveis contos de vampiros, originais e assinados por autores portugueses contemporâneos, directamente para os seus maiores receios de leitor!
A partir do momento que iniciar a leitura, a responsabilidade é inteiramente sua.

Coordenada por Pedro Sena-Lino, a colectânea que satisfaz os desejos mais obscuros de qualquer leitor!"



Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 144
Editor: Porto Editora
P.V.P.: 14,90 €


Numa análise mais geral, diga-se que é um livro algo interessante, de leitura rápida, mas em certos contos, nem por isso mais fácil, mas onde deve destacar o facto de autores portugueses terem abordado o tema que está tão em voga, mas onde tem existido alguma relutância por parte dos escritores portugueses ( e se temos escritores com uma escrita magistral no que respeita ao género fantástico que num outro post abordarei) assim como das editoras em enveredar por esse género. Contudo, não posso deixar de referir que houve contos em que senti aquilo nada tinha a ver com o que o título deste livro mencionava; alguns contos eram interessantes; outros li-os num completo alheamento, onde não senti qualquer emoção; outros pecaram pela escrita dos próprios autores que não apreciei, e em nove contos, houve somente um que me agarrou e que apreciei realmente. 


O Mistério da Rua da Missão - Ana Paula Tavares

A primeira desilusão. Sem qualquer interesse e com descrições aborrecidas, que em nada ajudou a trazer qualquer emoção para o conto. Li-o com total alheamento, os meus olhos a passarem pelas linhas, mas com a mente a cair constantemente na distracção.


A Fotografia (a história do vampiro de Belgrado) - Gonçalo M. Tavares

Comecei a ler este conto, com as expectativas muito, muito em baixo. Apenas a teimosia em acabar o livro me fez prosseguir, e por isso quando li a primeira parte deste conto, voltei a sentir-me motivada. É algo interessante, mas nada de espectacular. Gostei principalmente porque à medida que se lê este conto, somos incitados a julgar de determinada maneira, mas o fim revela-se diferente do que se previa.


Uma Noite em Luddenden - Hélia Correia

Este conto começou de forma algo aborrecida e confusa, mas á medida que o português conta a sua história, os elementos de suspense começam a surgir, culminando com uma revelação no final, que julgo que podia ter sido melhor explorada.


Vlad, o Empalador - João Tordo

Sem dúvida, o conto com características mais voltadas para o público infantil-juvenil. Lê-se bem, mas não desperta interesse por aí além. 


Sangue Azul - Jorge Reis-Sá

Provavelmente o conto mais original, que explora o tema num contorno alternativa ao que o público está habituado. Este é dos contos que mais gostei, mas não foi o melhor. Em termos de suspense é o que está melhor delineado, e o autor conseguiu agarrar-me com a sua escrita.


M., de malária - José Eduardo Agualusa

Mais uma história simples, sem qualquer interesse. 


Exangue - Miguel Esteves Cardoso

Um conto confuso, repetitivo. Não me agradou particularmente. 


O Monstro - Rui Zink

Este é um conto que se lê bem, que prende o leitor, no entanto, não apreciei o forma como as mulheres são retratadas. 

Como Tocar Violino - Susana Caldeira Cabaço

Os leitores podem discordar da minha opinião, mas para mim este foi o melhor conto de todo o livro, o conto que fez valer a pena o esforço e a teimosia de não desistir a meio. Retrata a história de Alice de uma forma clara, mas profunda, onde a autora não se perdeu com descrições vagas e inúteis, traçando uma história com lógico e conteúdo, apesar de breve. Sem dúvida, a melhor.

9 comentários:

  1. Olá!
    Eu tive uma desilusão tremenda com um livro de contos à pouco tempo que fiquei "escaldada" e mesmo quando vi este livrinho na livraria optei por não o trazer.
    E pelas tuas opiniões acho que não o vou comprar quanto muito vou requisitá-lo ou pedir emprestado.

    Bjinhos*

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  2. Esta é a primeira opinião que leio da antologia, e confesso que tinha muito interesse nela, mas cada vez fico com mais receio, ao que não ajudou o facto de mostrares que não tem nada de muito especial.

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  3. Jojo e Ana C.Nunes,

    O facto de eu não ter gostado não quer dizer que vocês não venham a gostar. Muito pelo contrário. Porque antes de escrever este post, andei a pesquisar por outras opiniões, e estas foram quase todas muito favoráveis. Isto das opiniões é sempre muito subjectivo, até porque a própria pessoa pode ler um livro numa altura e não gostar e voltar a ler mais tarde e gostar.
    De qualquer forma o livro valeu apenas pelo último conto, como referi no post.

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  4. não sabia da existência deste livro mas até que fiquei curiosa. não é todos os dias que se escrevem livros com este tipo de ficção em portugal.

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  5. Gonçalo M. Tavares é de todos os autores o que me mais me chama a atenção e é provável que leia o seu conto numa livraria sem que tenha de comprar o livro, visto que o tema me é um pouco indiferente e a capa... não gosto, acho-a até feia :P

    Boas leituras!

    PS: Passa pelo Lydo e Opinado, iniciámos um passatempo no qual podes ganhar um exemplar do «Pergunta ao Pó» :)

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  6. mmmm sou pessoa para comprar esse livro =) Pareçe interessante

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  7. Obrigada pelo elogio, sinto-me muito honrada pelo comentário que só agora vi, muito por acaso. É sempre uma alegria imensa saber que o que se escreve agrada a quem lê.
    Susana Caldeira Cabaço

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  8. Lamento profundamente que a crítica não tenha tido a sensibilidade de perceber as mutações que o mito do vampiro sofreu e vem sofrendo. Um breve olhar sobre as representações vampíricas poderá mostrar que o vampiro do século XXI em nada se parece com o do século XVIII. Aliás, felizmente. Em África, é outro o gosto do sangue, e para aqueles que não conseguem perceber isto, fica realmente a sensação de que o conto de Paula Tavares beira o alheamento. Que pena! E ainda bem, sinal que os africanos conseguiram desenvolver uma sensibilidade, ainda incomum em certos leitores do lado de cá.
    Jorge Valentim

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  9. Jorge,

    Agradeço peça sua critica. Mas este caso nada tem a ver com insensibilidade. Existem certos autores e certas formas de exprimir que não nos suscitam qualquer emoção, e outros muito pelo contrário que nos arrebatam. Não foi este o caso. Não gostei e como tal exprimi a minha opinião, pois julgo que estou no meu direito, ainda para mais no meu blog. Se não concorda, está no seu direito de se expressar, e ainda bem, porque já viu o aborrecimento que seria se gostássemos todos do mesmo? Apenas lhe peço que tenha a sensibilidade de não ofender quando não concorda. Aqui apenas partilho a minha opinião, não a imponho.

    PallasAthena

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